sexta-feira, 23 de julho de 2010

Ata da Reunião do Sindicato Rural de Guaratinguetá

22.04.2010
ATA DE REUNIÃO PARA SE TRATAR DE ASSUNTO REFERENTE A ESCLARECIMENTOS SOBRE O DOCUMENTO DA PROPOSTA DAS COMUNIDADES E PROPRIETÁRIOS DOS BAIRROS RURAIS DAS POSSES, LEMES, PILÕES, TAQUARAL, GOMERAL, PEDRINHAS E BICAS, DO MUNICÍPIO DE GUARATINGUETÁ/SP, PARA REDEFINICAÇÃO DOS LIMITES DO PARQUE NACIONAL DA SERRA DA MANTIQUEIRA, APRESENTADO PELO INSTITUTO OIKOS.
Aos vinte e dois dias do mês de abril de 2010, as 18:30 horas, teve inicio a reunião para tratar do assunto em epígrafe, onde reuniram-se na sede do Sindicato Rural de Guaratinguetá, Estado de São Paulo, proprietários e produtores rurais dos bairros envolvidos, também acima descritos, Diretoria do Sindicato, na presença do Sr. Presidente, Flávio José Coelho de Vasconcellos, seu diretor jurídico, o Dr. Sérgio Augusto Richardelli Veloso, o Excelentíssimo Senhor Deputado Estadual, Carlinhos de Almeida, o Sr. Secretário Municipal da Agricultura e Meio Ambiente, Washington Agueda. Inicialmente o Sr. Presidente Flávio José Coelho de Vasconcellos, deu início a abertura dos trabalhos, relatando o porquê da importante reunião de esclarecimentos acerca dos fatos em pauta, agradecendo a presença de todos, tendo nesta oportunidade comparecido os representantes o instituto OIKOS, na pessoa da Sra. Alexandra e Sr. Tiaraju, os quais, sem motivos plausíveis ou justificáveis, se retiraram do local, sem darem os devidos esclarecimentos, pois teriam um espaço para se manifestarem, desmerecendo a todos os presentes. Mesmo assim, diante desse fato, o Sr. Presidente Flávio explicou aos presentes que iria passar primeiramente a palavra aos representantes da OIKOS, mas como não estavam mais presentes no local, passou em seguida, a palavra ao Sr. Washington Agueda, que por sua vez tomando a palavra, primeiramente deixou claro aos presentes que não se tratava a presente reunião de uma reunião política, e que o apoio da Frente Parlamentar da Assembléia Legislativa de São Paulo, é apolítico, pois tal frente é composta de membros de vários partidos políticos, como PV, PT, PSDB, etc, em prol dos assuntos que dizem respeito ao Vale do Paraíba, e passou a discorrer sobre o assunto em pauta, relatando as audiências públicas havidas anteriormente com o ICMBIO, MMA e OIKOS, inclusive sobre os acordos de paralisação do processo de criação do PARNA, os quais passaram a ser tratados com maior empenho às discussões sobre o impacto sócio econômico que a criação deste parque iria criar caso fosse aprovado; mencionou o empenho dos prefeitos paulistas, cujas cidades estão inseridas na proposta do parque, dando esclarecimentos a todos os presentes; relatou que houve uma reunião em Brasília, onde participaram vários prefeitos, com a intenção de tentar suspender o processo de criação do parque; relatou que ninguém é contra a preservação do meio ambiente, razão pela qual criou-se um grupo técnico pelas prefeituras, com a finalidade de discutir a proposta do parque, acima de tudo querendo dirimir as questões referente as indenizações e de que forma seriam pagas, e também quanto aos proprietários que seriam desapossados de suas terras, para onde iriam e que fariam caso esse parque fosse criado; Relatou o histórico evento para a comunidade local, referente a Audiência Pública realizada em Passa Quatro/MG, onde as autoridades presentes, sendo a deputados da frente parlamentar mineira e paulista, prefeitos, avençaram que não seria aceito a proposta de criação do parque do modo em que fora apresentada, pois, traria sérias conseqüências a população inserida na área do parque, obtendo o apoio no sentido de fortalecer a APA-SERRA DA MANTIQUEIRA; após passou a tratar do assunto referente ao documento formulado pela OIKOS, nos bairros acima mencionados, que segundo a OIKOS obteve o apoio dos proprietários elencados na lista que faz parte do mencionado documento, porém, ao ler o nome do primeiro proprietário descrito, Sr. Carlos Muriano, este presente à reunião, imediatamente, levantou a mão, dizendo que não participou de nenhuma reunião com a OIKOS, mas que uma pessoa falou para ele, após participar de uma reunião com a OIKOS, que tirando a parte de pastagem de sua propriedade, que estava dentro dos limites da proposta do Parque, trocando-a por uma área de mata nativa de sua propriedade, a qual ficaria inserida dentro do Parque, após nova delimitação do limite, mesmo assim poderia averbar a mesma área de mata como RESERVA LEGAL de sua propriedade, quando após, em conversa com o Dr. José Sávio Monteiro, advogado, teve conhecimento de que legalmente isso não procedia, se sentindo então, enganado pelo pessoal da OIKOS, quanto a reserva legal de 20% de sua área, que perderia além daquilo que lhe seria desapropriado, pois teria que realizar um reflorestamento em alguma área de pastagem de sua propriedade, para atingir o percentual de 20% e fazer a averbação de sua reserva legal. Após, o Sr. Washington Agueda continuou com sua explanação, discorrendo que o Instituto OIKOS não está autorizado a falar em nome da municipalidade, e que não tomaram conhecimento das reuniões da OIKOS, e ressaltou que o posicionamento das prefeituras é pela paralisação do processo de criação do parque, que ele próprio coletou as assinaturas de todos os Prefeitos das cidades paulistas inseridas na proposta do Parque, em um documento a ser endereçado ao Presidente da República, com o posicionamento institucional das prefeituras para a paralisação do processo de criação do Parque, alertando a todos que não negocie e nem participe de nenhuma reunião para tratar do assunto do parque, sem que haja a participação efetiva da prefeitura local e do sindicato; Após suas considerações e notas de esclarecimentos, passou a palavra a Exmo. Sr. Deputado Carlinhos de Almeida, o qual após saudar a todos os presentes, passou a relatar, inicialmente dizendo que é totalmente a favor da paralisação do processo de criação do Parque, pois, o a proposta e o projeto do Parque já iniciou-se de uma forma equivocada e muito deficiente, sem a participação dos principais envolvidos, como as Prefeituras e os proprietários, e sem alguns estudos básicos, como o sócio-econômico, eis que essa região é densamente povoada, e criação desse Parque causará um enorme impacto social; Relatou que em contato com os representantes das entidades de apoio a criação do parque, chamada de “Força Tarefa”, em reunião em Brasília foi apresentado documento de apoio ao PARNA sendo estes documentos de entidades internacionais, e de empresas que não tem relação com a Serra da Mantiqueira, porém sem nenhuma consistência; Mencionou sobre a forma de criação dos parques, e que tomando conhecimento da forma que essa proposta estava tratando da criação do parque, não pode concordar, de modo que esteve pessoalmente com o Senador Aloísio Mercadante, onde lhe solicitou o apoio, a fim de que houvesse a paralisação do processo de criação para uma discussão mais profunda;
e da mesma forma, o ICMBio prometeu diálogo, mas isso não se efetivou, sendo que "Há 15 dias um grupo técnico que discute o assunto pediu a íntegra do processo. O instituto prometeu entregar em dez dias e ainda não o fez", e, segundo o parlamentar, as autoridades paulistas sugerem a criação de áreas menores de proteção, tendo os produtores rurais como parceiros. Relatou que é totalmente favorável a preservação da natureza, porém, que se discuta uma outra forma de Unidade de Conservação, citando como exemplo o conceito de “Mosaico”, mas fazendo isso em relação de acordo com a realidade local, a partir da vida daquele que está inserido em suas terras, e com as comunidades envolvidas, ou seja, de “baixo para cima” e não “de cima para baixo”, como está sendo a proposta do ICMBIO; Ao final colocou-se a disposição dos presentes, inclusive, caso seja necessário, buscando o apoio do Presidente Lula, e que as pessoas devem ser respeitadas; Retomando a palavra, o Sr. Washington Agueda, agradeceu a presença e a fala do Deputado Carlinhos, enaltecendo a forma com a qual tem se disposto e participado dos debates envolvendo a questão do PARNA, e logo em seguida foi passada a palavra ao Dr. Sérgio Augusto Veloso, o qual, de posse do documento apresentado pela OIKOS com a lista da suposta presença e participação de proprietários, sobre a questão em epígrafe, juntamente com o Sr. Washington, passaram a chamá-los pelo nome descrito na lista, de um a um, e perguntar se esses proprietários haviam autorizados a OIKOS ou alguma pessoa a falar em seu nome, quando a redefinir os limites da proposta do parque, no que tange a propriedade de cada um; e verificou-se que 31 proprietários, cujos nomes estão na listagem elaborada pela OIKOS, foram seguros e convictos em dizer que não participaram de nenhuma reunião e muito menos assinaram qualquer lista ou autorização para redefinição dos limites do parque; o mais estranho é que constam 2 nomes de pessoas já falecidas, após passou o Dr. Sérgio a esclarecer o porque da indagação aos senhores proprietários, pois, o documento apresentado pela OIKOS, diante das negativas dos proprietários quanto a adesão do referido documento, mencionou que tratava-se de um ato ilícito, eis que estava descrito no documento que os proprietários dos bairros rurais mencionados, estavam fazendo uma nova proposta de limite do Parque para entregar ao ICMBIO, razão pela qual, tal documento seria apresentado e levado ao conhecimento das autoridades competentes a fim de apurar a responsabilidade criminal da OIKOS e demais envolvidos; após, sobre a proposta do Parque Nacional, colocou que primeiramente, deve ser respeitado pelo Governo, o direito de propriedade, previsto no artigo 5º. da Constituição Federal; depois, relatou sobre as desapropriações ocorridas para a criação de parques em que não houveram as respectivas indenizações, como o Parque Nacional de Itatiaia, razão pela qual, não acredita que se ocorrer a desapropriação, esta aconteça na forma legal, ou seja, com “justa e prévia indenização em dinheiro”, pois não se tem definido até o momento as condições para esta indenização, valor da terra nua, áreas produtivas, moradia, reserva legal, topo de morro, APP, etc., eis que desde o início do processo de implantação do Parque não houve transparência por parte do Governo, as consultas públicas, ocorridas em dezembro de 2009, se deram de forma truncada, sem que os interessados tivessem conhecimento do projeto na sua íntegra, e muito menos acesso as alternativas de Unidade de Conservação, e caso não tivessem ocorrido manifestações e resistência por parte das pessoas e das Prefeituras, do contrário, o Parque já teria sido criado pelo Governo, sendo que, somente com a suspensão dos trabalhos, é que pudemos tomar ciência da realidade dos fatos, e, até a presente data, não nos foi apresentado alternativas, caso não seja criado o Parque Nacional da Serra da Mantiqueira, mesmo sabendo que existem 12 modalidades de Unidade de Conservação, previstas na Lei do SNUC (Sistema Nacional de Unidades de Conservação da Natureza), que em momento algum nos foi esclarecido, e da mesma forma não nos foi apresentado a real importância da criação do Parque, e como funciona o ICM Ecológico, o Crédito de Carbono, e quem será beneficiado. E colocou outras indagações, como em caso da criação de Parque Nacional, quem se beneficia, e no caso de existir outra modalidade ficando sob a responsabilidade dos proprietários? Porque se criar Parque Nacional para preservar uma área que segundo estudos existentes aproximadamente 95% da área já está preservada? Porque não dar condições aos proprietários para que estes possam fazer o papel que o Estado pretende fazer, e até hoje se mostra ineficiente, e não tem condições estruturais de fazê-lo, pois já ficou demonstrado em outras situações, que o Estado não possui pessoal suficiente e capaz, não tem equipamentos necessários, veículos etc. Porque não manter a APA (Área de Proteção Ambiental) da Mantiqueira, onde o Estado poderia melhorar as condições de estrutura do órgão fiscalizador já existente, sendo até mais barato melhorar o que já existe do que criar uma nova Unidade de Conservação, e por fim, indagou o Porquê não, o Estado manter os proprietários como fiscais da natureza não perdendo seu direito a propriedade, pois estes são os maiores interessados na preservação ambiental, e através de uma parceria com o Governo Federal, dar condições para que estes proprietários sejam orientados, treinados, e juntamente com Estado continuem a preservar, e possam com condições dadas pelo próprio Estado preservar juntos e melhorarem as condições na manutenção da APA DA MANTIQUEIRA? Eis que o Estado não tem condições de cuidar de uma área de 87 mil hectares, e que o ideal seria que cada proprietário continuasse cuidando de sua propriedade, e que o Governo fornecesse o apoio necessário. Logo em seguida foi passada a palavra aos presentes, tendo se manifestado primeiramente o Sr. Nelson Bitencourt, o qual mencionou que é produtor rural do município de Guaratinguetá, e que na lista dos proprietários, existem nove proprietários no bairro das posses que não foram consultados, e se realmente o Sr. Carlos Muriano havia autorizado uma pessoa a falar em seu nome, quando em resposta o Sr. Carlos relatou o que já havia falado anteriormente, no começo da reunião; depois, outro proprietário rural fez uso das palavras, reafirmando o respeito ao direito de propriedade, e que atualmente está se discutindo o nosso Novo Código Florestal, não havendo razão para a criação desse Parque; após, o Sr. João Bosco, falou que é morador do bairro do Gomeral, e que participou das reuniões com a OIKOS, juntamente com outras pessoas, representando alguns proprietários e produtores rurais, e que ajudou no trabalho de identificar no computador as propriedades rurais de terceiros, representados ou não, e seus limites, auxiliando a OIKOS na busca de informações para o trabalho, como o nomes das pessoas e das propriedades, e após, indagado por um presente de que essa sua atitude estaria ajudando na criação do Parque e prejudicando as pessoas envolvidas, respondeu que não ajudou a OIKOS sozinho, que também o Sr. Antonio Carlos de Almeida fez algumas reunião com a OIKOS, representando alguns proprietários rurais do bairro dos Lemes, como o Sr. Carlos Muriano, e que tinha em mãos, um documento da OIKOS onde estava descrito que as Prefeituras tinham que fazer esse trabalho de levantamento, num prazo de 60 dias, se não iria ser criado o Parque e as coisas iam ficar difíceis. Em seguida, como foi novamente citado, o Sr. Carlos Muriano, deixou claro aos presentes, que havia autorizado, verbalmente, o Sr. Antonio Carlos de Almeida, a conversar com a OIKOS sobre os limites de sua propriedade, em razão deste ter-lhe colocado, em uma conversa, que mesmo a área da mata localizado na sua área, após ser abrangida pelo Parque, em troca da liberação de uma área de pastagem, poderia ser usada como sua Reserva Legal, e que quando conversou com o Dr. José Sávio Monteiro, entendeu melhor a questão legal, e nesse momento, por coincidência, encontraram com o Sr. Antonio Carlos, quando foi indagado ao mesmo, se na reunião da Oikos, foi lhe informado que passando a área da mata nativa para dentro dos limites do Parque, o proprietário que perdesse sua área de mata teria que reflorestar uma nova área para ser usada como sua Reserva Legal, ele respondeu que isso não lhe informaram, e após, solicitou ao Dr. José Sávio Monteiro, que estava presente, que relatasse o ocorrido, quando ao fazer uso das palavras, confirmou os fatos narrados pelo Sr. Carlos Muriano, referente à resposta do Sr. Antonio Carlos de Almeida; após também, o Sr. Washington respondeu ao Sr. Bosco que mediante os últimos acontecimentos já informados, com o pedido formal das Prefeituras Paulistas para a paralisação do processo de criação do Parque, e como o ICMBIO não cumpriu o prazo para entregar cópia do de todo o processo, o mencionado documento e qualquer prazo para apresentação de trabalhos de levantamento, não tinha mais sentido; depois, o Sr. Lenoel falou que não autorizou ninguém a falar em seu nome para discutir limites de Parque com a Oikos, muito menos participou de alguma reunião com a Oikos, não concordando com a inclusão de seu nome na lista apresentada, e que é uma vergonha que pessoas se prestam a esse tipo de atitude, em prejuízo a muitas outras pessoas, que são mal informadas; o Sr. Paulo Cesar da Silva, advogado e produtor rural de Piquete, ao fazer uso da palavra, relatou que estava presente na reunião do bairro do Gomeral, na data de 11.03.2010, onde também se encontravam representantes do ICMBIO, e os mesmos representantes da OIKOS, que aqui vieram e foram embora, sem prestarem esclarecimentos, e alguns proprietários rurais que também estão agora presentes, quando passaram uma lista, como se fosse lista de presença, mas que estava descrito também que era uma reunião para a entrega ao ICMBIO da proposta alternativa ao perímetro do Parque Nacional Altos da Mantiqueira, quando indagou algumas pessoas presentes no local, se sabiam o que estavam assinando, quando responderam que não tinham conhecimento, achando que era apenas uma “lista de presença” da reunião, fato este confirmando por algumas pessoas também presentes nessa reunião, e, pediu a atenção do Sr. João Bosco, quando leu em voz alta um trecho do documento da OIKOS, onde estava descrito que o Sr. João Bosco não tinha propriedade na área afetada pelo Parque, e que ajudou a identificar as propriedades, os seus proprietários e os seus limites, e indagou-o se tudo o que havia acabado de ler era verdade, quando o Sr. João Bosco lhe respondeu que quem tem propriedade é sua família, e que ajudou a identificar as propriedades no computador, e que mesmo sendo pedreiro, tem condições de saber e identificar os limites de cada propriedade, mas a maioria das informações a OIKOS já possuia e lhe apresentou, quando o Sr. Paulo Cesar lhe disse que agindo dessa forma, ele estaria ajudando a criar o Parque, e com isso iria prejudicar muitas pessoas. Por fim, uma mulher fez uso da palavra, falando que sua família possui uma propriedade rural, e que o Sr. João Bosco havia passado uma lista no Gomeral, contra a criação do Parque, sendo que seu pai havia assinado a lista e queria saber do Sr. Bosco onde ela estava e o que havia feito com ela, pois estava entendendo pelos esclarecimentos da reunião, que o Sr. Bosco estava ajudando a criar o Parque, e como ficaria a situação dos que confiaram nele, quando em reposta, o Sr. Bosco lhe disse que nunca quis enganar ninguém, que ela lhe conhece, e que a lista contra a criação do Parque, com mais ou menos 600 assinaturas, ainda estava com ele, não tendo entregado ao Instituto Oikos, não esclarecendo tal atitude, e que não sabia se iria entregá-la, falando que ajudando a Oikos a redefinir os limites do Parque não estava prejudicando as pessoas, mas sim ajudando-as. Ao final, o Sr. Presidente do Sindicato, Flávio de Vasconcellos, falou que a reunião foi muito positiva, servindo para esclarecer a todos os presentes, sobre o documento apresentado pela Oikos, e que a posição do Sindicato Rural, bem como da Associação Agropecuária, é contrária a proposta de criação do Parque, e que estará acompanhando o andamento da discussão, sempre na defesa dos proprietários e produtores rurais, agradecendo aos presentes por terem atendido ao chamado do Sindicato, e comparecido na reunião, colocando-se sempre a disposição dos mesmos, e nada mais tendo a ser esclarecido, por volta das 20:20 h, deu por encerrada a reunião, servindo como assinatura da presente Ata a lista de presença com os nomes e as assinaturas de todas as pessoas que aqui compareceram.

quarta-feira, 21 de julho de 2010

A GUERRA COMERCIAL DAS ONG's



A guerra comercial das ONGs
O Globo
05/06/2010

A camuflagem dos combatentes é a defesa do meio ambiente. No fundo, porém, é uma guerra puramente comercial.

O Brasil está sendo hoje o principal alvo no mundo da guerra insidiosa – às vezes barulhenta – que lhe move centenas de Organizações Não Governamentais (ONGs), a maioria delas sediadas em países desenvolvidos.

Esse combate é antigo, vem de décadas atrás, mas atingiu nos últimos anos o ápice das hostilidades.A camuflagem dos combatentes – a expressão cai como uma luva nos agressivos integrantes de tais entidades – é a defesa do meio ambiente, das matas e do clima terrestre.


No fundo, porém, é uma guerra puramente comercial, que atende aos interesses variados, de produtores agrícolas estrangeiros e de grandes empresas internacionais do agronegócio, incomodados com a crescente competitividade dos brasileiros na produção de grãos, de carnes e de muitos outros produtos de origem vegetal e animal.


Buscam rotular o Brasil – um dos países mais verdes do planeta – como um grande destruidor do meio ambiente, responsável relevante pelas mudanças climáticas, ainda que esteja provado que são os países industrializados os maiores poluidores da atmosfera e dos oceanos. Pior que isso: a ação inflamada dessas ONGs pode paralisar o País, bloqueando a construção de estradas, pontes, hidrovias, portos e hidrelétricas, e, pela insuficiência de sua infraestrutura, condená-lo ao atraso permanente.


Nesta mesma linha de atuação, essas entidades pretendem congelar a fronteira agrícola e onerar a produção agrícola brasileira com custos cada vez maiores, tornandoa pouco competitiva no mercado internacional.É evidente que não se deve cair nos pecados da generalização, quando se trata de ONGs. Noventa por cento delas são sérias, prestam serviços relevantes ao País e até mesmo ao governo, do qual recebem recursos públicos.Mas há também aquelas que usam seu peso internacional e a truculência de suas ações para acuar administradores públicos, que terminam assinando convênios apenas para não serem satanizados por essas entidades.


Como relator da Comissão Especial de Reforma do Código Florestal Brasileiro, não posso deixar de tocar nesse tema. Considero meu dever, como cidadão e parlamentar, alertar para a ação danosa dessa meia dúzia de entidades internacionais que hoje praticamente decidem quais os países que podem ou não ter um projeto de futuro, ao utilizarem suas potencialidades agrícolas e energéticas.

A Comissão ouviu 378 pessoas em 64 audiências públicas, nas quais ficou evidente que, sem que a sociedade se desse conta, o velho Código Florestal foi se tornando uma armadilha para o País. Setenta e cinco por cento do arroz brasileiro são produzidos na completa ilegalidade.

O gado do Pantanal, onde a pecuária usa o capim nativo, é agressor do meio ambiente. Toda a produção de banana do Vale do Ribeira viola as normas ambientais.

É espantoso, mas, à luz da sua própria legislação, o Brasil tornou-se um gigantesco crime ambiental.


O relatório que devo apresentar na próxima semana tem o objetivo principal de opinar sobre os 11 projetos que tratam das modificações no velho e bom Código Florestal, de 1965, uma boa lei da época do governo militar que se mostrou bem à frente de seu tempo, mas foi mutilada pelos excessos ambientalistas e burocráticos após a retomada da democracia.É o momento de restaurarmos, com a reforma do Código Florestal, a lógica da produção ambientalmente sustentável sem nos deixarmos influenciar pelo estrépito da guerra comercial das ONGs internacionais.

Aldo Rebelo

LAMENTÁVEL SITUAÇÃO DO PARQUE NACIONAL DA SERRA DA BOCAINA



Atualizado em: 17h00min - 20/07/2010

Péssimas condições das estradas dificultam deslocamento dos moradores na Serra da Bocaina
Prefeitura de São José do Barreiro diz que não reforma por conta de limitações do Instituto Chico Mendes


As dificuldades de trafegar pelas estradas do parque nacional da Serra da Bocaina são o maior problema para quem mora na unidade de conservação.
Pontes quebradas e inúmeros obstáculos ao longo das trilhas transformaram a Bocaina em uma comunidade isolada. Trajetos pequenos se transformam em grandes desafios para quem mora no parque nacional da Bocaina. Do centro de São José do Barreiro até a entrada da unidade, nossa equipe levou cerca de uma hora para percorrer só 27 quilômetros na SP-221. A situação fica ainda pior dentro da reserva, onde poucos veículos conseguem entrar.
Mais 25 quilômetros em três horas e nossa equipe chega a casa de Sebastião Nunes. “Só carro grande, alto e com tração 4x4 consegue vir aqui na serra”, afirma. As estradas vicinais do parque são as piores. Uma ponte marca a divisa do parque nacional da serra da Bocaina. Antigamente passavam carros nela, mas agora os moradores têm medo até de passar em cima do cavalo. Eles descem e puxam os animais, pois as madeiras estão todas soltas.



A prefeitura de São José do Barreiro, responsável pelos acessos vicinais, diz que não consegue reformá-los por conta de limitações impostas pelo Instituto Chico Mendes, que administra a unidade de conservação. “Eles citam uma série de maneiras de se fazer a manutenção que realmente impedem que se faça uma estrada com durabilidade mínima. Por exemplo, a roçada na beira da estrada ou tapar um buraco, que tem que tirar de algum lugar para tapar esse buraco e é proibido levar algum material mais abrasivo para dentro do parque”, afirma o prefeito Arthur Barbosa Pinto.
Segundo Ricardo Soavinski, diretor do Instituto, as medidas necessárias estão sendo tomadas. “O nosso gestor do parque está tomando as providências junto com alguns parceiros, como a própria prefeitura, no sentido de garantir o acesso com qualidade e, ao mesmo tempo, a proteção contra invasões dentro do parque”.
Para o Ministério Público, algumas restrições precisam ser revistas. “Esperar pra construir um portal, esperar pra expedir uma licença ambiental sob certas condições, você coloca muitas restrições e prejudicar as pessoas, isso não é lícito, isso não correto”, diz o procurador da república, Adjame gonçalves.
O último levantamento de moradores do parque da Bocaina é de 1976. Naquela época havia 422 famílias na reserva, mas esses dados nunca foram coletados novamente. Hoje, sabe-se que a situação é bem diferente, com o aumento da população. Já em São José do Barreiro, os moradores veem seus vizinhos desaparecem aos poucos. Por causa da falta de estrutura muitas famílias abandonaram a terra.
Com o número de habitantes caindo, é ainda mais difícil conseguir melhorias por aqui. Para a líder comunitária, Grazieli Fonseca, a solução é desocupar o parque, com pagamento de indenização aos moradores. Para o procurador da república, Adjame Gonçalves, os moradores da serra da Bocaina estão sendo pressionados pelo governo.
"As restrições ambientais acabam prejudicando a vida dessas pessoas, mas ninguém do governo federal se disponibiliza a liberar esse dinheiro que existe pra regularizar a situação", diz.
O Instituto Chico Mendes disse que já tem parte dos recursos necessários para indenizar os moradores, mas que está priorizando algumas áreas.
12h30min - 20/07/2010
Bocaina
Região tem acessos precários
Fonte: http://www.vnews.com.br/






terça-feira, 6 de julho de 2010

Comissão aprova texto sobre revisão do Código Florestal

Por 13 votos a 5 foi aprovado o texto principal do substitutivo do deputado Aldo Rebelo (PCdoB-SP) para o Projeto de Lei 1876/99, que reforma o Código Florestal.
Os deputados a favor e os produtores rurais se levantaram e gritaram Brasil, Brasil em coro, sob vaias dos ambientalistas, que gritam retrocesso.
A comissão especial que analisa a reforma da legislação ambiental começa agora a votar os destaques. As informações são da Agência Câmara.

O texto de Rebelo reduz as exigências de preservação ambiental e reserva legal em propriedades rurais, e institui uma ansitia para desmatamentos realizados em desacordo com a lei vigente.
Ontem, tentando diminuir a resistência de ambientalistas e deputados ligados à causa ambiental ao projeto, Rebelo havia suavizado alguns pontos de sua proposta, tirando dos Estados o poder de reduzir a área de proteção permanente às margens dos rios.

O limite mínimo de manutenção ou recuperação da vegetação nativa, que podia ser reduzido pelos Estados até 7,5 metros nos rios mais estreitos, voltou a 15 metros. Isso ainda representa a metade do atual limite mínimo de proteção previsto na legislação.
A nova proposta também impede o corte da vegetação nativa nas pequenas propriedades que ainda tiverem o porcentual correspondente à reserva legal. O relatório original, apresentado por Rebelo no início de junho, libera pouco mais de 90% das propriedades rurais do País (com até 4 módulos fiscais) da exigência de manterem a vegetação nativa em pelo menos 20% dos imóveis.

A diferença agora é que os proprietários rurais ficarão impedidos de desmatar o que foi preservado até aqui e os donos de imóveis médios e grandes terão de cumprir integralmente o porcentual de reserva legal.
A nova versão apresentada por Rebelo também inclui dispositivos que agradam os ruralistas, como o que avaliza o porcentual de reserva legal vigente na época da compra ou posse das terras. Na Amazônia, por exemplo, a reserva legal aumentou de 50% para 80% nas áreas de floresta apenas em 2001.

Quem desmatou antes dessa data, por exemplo, fica dispensado de recompor ou compensar o atual porcentual de reserva legal, mantido na reforma.

O texto ainda precisa ser aprovado pelo plenário da Câmara, e passar pelo Senado e pela sanção do Presidente da República.

(com informações de Marta Salomon, de O Estado de S. Paulo)

COMPREENDENDO O DEBATE SOBRE O CÓDIGO FLORESTAL por Denis Lerrer Rosenfield - O Estado de S.Paulo

Denis Lerrer Rosenfield - O Estado de S.Paulo

Para que se possa melhor compreender o debate sobre o Código Florestal e o parecer do deputado Aldo Rebelo é necessário analisar o trabalho de ONGs nacionais e internacionais que atuam fortemente no Congresso e entre os formadores de opinião. Apesar de sua aura de politicamente corretos, representam interesses concretos, mormente de países do Primeiro Mundo que competem com o Brasil e gostariam de ter maior ingerência em nossos assuntos. Agricultura, pecuária, agronegócio e energia ficariam com eles, enquanto nós deveríamos cuidar de nossas florestas. Se a posição deles prevalecer o País se tornará um grande museu ambiental, um zoológico de luxo, enquanto eles se dedicarão às atividades produtivas. Economia de mercado protegida para eles, atraso para nós.

Observe-se, ademais, que essas ONGs, de "direita" e de "esquerda", atuam como verdadeiros lobbies, fazendo valer seus interesses. Seria interessante que fosse aprovada uma lei de regulamentação da atuação de lobbies, em que algumas condições básicas seriam estabelecidas: 1) Quem são seus dirigentes? 2) Quem são seus apoiadores e financiadores? 3) Quais são os seus respectivos orçamentos? 4) Quanto ganham seus executivos e operadores? Trata-se de uma questão básica de transparência, para além do palavreado de defesa da "humanidade".

Aliás, a "humanidade" deles é bastante curiosa, pois o que vale para nós não vale para eles. Em nosso Código Florestal atual existe a "reserva legal", pela qual toda terra cultivável deve preservar, de florestas e biomas nativos, no Sul, 20% da área; no Cerrado, 35%; e na Amazônica, 80%. Ora, esse instituto não existe nos EUA e na Europa. Eles não são obrigados a preservar nada, poluem o planeta com seu estilo de vida e exigem que nosso país seja preservacionista. Os países de Primeiro Mundo devastaram praticamente todas as suas florestas nativas.

Vejamos alguns desses movimentos e ONGs.

O WWF Brasil, ONG sediada nos EUA, tem fortes financiadores e apoiadores, contando com grande equipe. Sua atuação no Brasil, além de militar contra a revisão do Código Florestal, situa-se nas áreas de infraestrutura e agricultura. É contra a construção do Terminal Portuário de Morrinhos (MT), do Terminal Portuário da Bamin, do Porto Sul (BA) e a soja produzida no País.

O Greenpeace, ONG cada vez mais acusada de fraudes na Europa e de utilização dos recursos coletados para seus dirigentes, é contra a construção da Hidrelétrica de Belo Monte, os transgênicos, a pecuária na Amazônia, além de ser evidentemente contra a revisão do Código Florestal. Seus financiadores e apoiadores são expressivos.

O Instituto Socioambiental (ISA), ONG ambientalista e indigenista, além de ser contra a revisão do Código Florestal, é contra a construção de hidrelétricas, centrando seus ataques em Belo Monte. Seus apoiadores e financiadores se dizem defensores dos "povos da floresta". Dentre eles, além de empresas e fundações, temos governos estrangeiros.

O Centro de Apoio Sócio-Ambiental (Casa), por sua vez, segue a orientação da Teologia da Libertação, no sentido de promover, inclusive, movimentos de criação no País de "nações indígenas". Além de suas ações contrárias à revisão do Código Florestal, o Casa posiciona-se contra a construção de hidrelétricas, em particular a de Belo Monte. Procura igualmente condicionar os financiamentos do BNDES às suas próprias condições, evidentemente apresentadas como de "preservação da natureza". Seus apoiadores internacionais são importantes, misturando-se igrejas, empresas, ONGs e fundações.

O Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB), braço do MST, além de contrário à revisão do Código Florestal, é contra a transposição do Rio São Francisco e a construção das hidrelétricas em geral. Centra suas ações nos projetos de Jirau e Santo Antônio, no Rio Madeira, de Belo Monte, Riacho Seco e Pedra Branca, na Bahia, e de Itapiranga, na fronteira do Rio Grande do Sul e Santa Catarina, entre outras. Já a Via Campesina-MST atua também contra a revisão do Código Florestal, os transgênicos, o agronegócio, a cultura de cana-de-açúcar e a produção de etanol, as florestas de eucaliptos e a cultura da soja. Ademais, tem forte atuação junto aos movimentos indigenistas e quilombolas.

A Conservation International tem vasta atuação internacional, está presente no Peru, no Equador, na Selva Lacandona (México), centro operacional dos "zapatistas". No Brasil, posiciona-se contra a revisão do Código Florestal e a agricultura em Minas Gerais e na Bahia, por meio da ampliação em 150 mil hectares do Parque Nacional Grande Sertão Veredas. É contra a construção do Terminal Portuário da Bamin, do Porto Sul (BA) e do traçado final da Ferrovia de Integração Leste-Oeste (Fiol). Tem fortes apoiadores empresariais, de fundações e governos estrangeiros.

A Amigos da Terra, forte ONG internacional, tem entre seus fundadores Brice Lalonde, que foi ministro do Meio Ambiente de Mitterrand. Ele chegou a declarar que o Brasil deveria "renunciar a parcelas de sua soberania sobre a região amazônica". Destaca-se na Europa por sua campanha contra o etanol brasileiro.

A lista apresentada não é, evidentemente, exaustiva, mas permite um olhar um pouco mais abrangente sobre os interesses em jogo. Todos lutam pela preservação da "reserva legal", isentando-se de qualquer ação do mesmo tipo em seus países de origem. Se não fossem hipócritas, deveriam usar os mesmos critérios. Fica uma sugestão: o Brasil poderia comprometer-se com o "desmatamento zero" e essas ONGs, com todos os seus recursos e apoiadores, deveriam comprometer-se com a criação da "reserva legal" nos EUA e na Europa, com a recriação de "florestas nativas". Utilizariam todo o conhecimento e tecnologia de suas grandes universidades. Poderiam começar com 20%, o mínimo existente no Brasil. Mostrariam sua verdadeira vocação ambiental e planetária.


PROFESSOR DE FILOSOFIA NA

UFRGS. E-MAIL: DENISROSENFIELD@TERRA.COM.BR