sexta-feira, 26 de novembro de 2010

Produtor de Água, a boa idéia de Guaratinguetá

Por Padre Afonso Lobato
Qui, 25 de Novembro de 2010 15:08

Houve um momento em que o Homem começou a perceber que os recursos naturais, quando consumidos sem critérios e de forma descontrolada,
nem sempre podem ser repostos na mesma proporção, podendo vir a fazer falta e a ameaçar a sua sobrevivência.
Foi quando também se iniciou uma espécie de cruzada contra o produtor rural, pressionado pela legislação e vigiado permanentemente,
sob a acusação de desmatar desnecessariamente, promover queimadas, desviar cursos d’água, provocar erosão do solo e o assoreamento dos rios.
Com o tempo esse quadro foi mudando, graças ao trabalho de extensionistas e técnicos e a conscientização do produtor, mas ainda assim,
ele continua como vilão nessa história. Óbvio que muitos deles, principalmente grandes latifundiários, merecem ser tratados como bandidos,
mas há numerosos outros que são credores da sociedade, pelo trabalho voluntário como guardiões da natureza.
Causa-nos alegria e entusiasmo, portanto, a proposta lançada na semana passada, em Guaratinguetá, do programa “Produtor de Água”,
idéia inédita em território paulista, que vai remunerar o produtor rural por serviços ambientais prestados à sociedade. É o resgate de uma dívida antiga.
A proposta é parecida com o projeto "Conservador das Águas", que visa a proteção dos recursos hídricos que fornecem água para o sistema Cantareira,
desenvolvido pela prefeitura de Extrema (MG), em parceria com o Programa de Conservação da Floresta Atlântica da The Nature Conservancy (TNC),
Sabesp e Agência Nacional de Águas (ANA).
É uma forma avançada de fomentar o ideal da preservação, compensando financeiramente quem cuida bem das nascentes,
trata com carinho da mata ciliar ou de topo de morro, se preocupa em adotar práticas que protejam o solo, evitando a erosão e o assoreamento dos rios e
garante água para todos.
Esse produtor existe, quase sempre é de pequeno porte e sobrevive da agricultura familiar. Além de sua dedicação ao trabalho de produzir para alimentar
os cidadãos urbanos, tem que garantir a sustentabilidade e merece ser recompensado por isso.
Queremos tornar público nosso apoio e o compromisso de se empenhar para que o Estado também adote esse procedimento no âmbito de sua competência,
podendo inseri-lo em projetos como o “Município Verde e Azul” ou o Programa de Microbacias Hidrográficas.
Renovamos nosso desejo de que o Programa Produtor de Água seja um grande sucesso e que a ousadia da prefeitura de Guaratinguetá e de seus parceiros
seja recompensada, com a certeza de que entrarão para história como pioneiros dessa prática em terras paulistas.
*Padre Afonso é deputado estadual (PV)

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