quinta-feira, 4 de fevereiro de 2010

MORADORES CRITICAM A CRIAÇÃO DO PARQUE NACIONAL DA SERRA DA MANTIQUEIRA


19h32min - 03/02/2010
Fonte: VNews - Globo.com
Nove cidades do Vale teriam que ceder terras para a criação do parque
A criação de um Parque Nacional na Serra da Mantiqueira, vem gerando muita discussão. A proposta do governo é preservar as riquezas naturais do local. Mas para isso, seria preciso retirar quem vive ou trabalha na área. Uma área equivalente a 87 mil campos de futebol. Onde será possível preservar recursos hídricos e o restante de mata nativa da Serra da Mantiqueira. Essa é a proposta do novo Parque Nacional. A área delimitada abrange três estados: Minas Gerais, Rio de Janeiro e São Paulo. As nove cidades do trecho paulista que cederiam terras ao parque ficam no Vale do Paraíba. São elas: Santo Antonio do Pinhal, Campos do Jordão, Pindamonhangaba, Guaratinguetá, Piquete, Cachoeira Paulista, Cruzeiro, Lavrinhas e Queluz. Apenas em Guará, seria necessário desapropriar 15 mil hectares. O que corresponde a 20% da área do município. Em Piquete, 38% das terras teriam que ser destinadas ao parque. Como não seria permitido morar na área de reserva, quem vive nessas cidades, reclama. "A preservação da natureza, das espécies existentes, ela é necessária. Mas também é necessária a preservação do ser humano. O direito da casa, o direito a um emprego, o direito ao salário, isso não está sendo levado em conta nessa criação deste parque", diz o administrador de fazenda, José Vitor Ribeiro. Na área delimitada, também encontram-se importantes pontos turísticos, como o Pico do Itapeva, em Pindamonhangaba, e o Pico dos Marins, em Piquete. As prefeituras temem que a economia dos municípios seja prejudicada. "Ninguém quer que venha haver uma depredação da Serra da Mantiqueira. Nós queremos que haja um desenvolvimento sustentável. Tanto na agronomia quanto no turismo. O parque não pode ter nada disso. Não se pode fazer pousada, não se pode fazer hotéis", diz o prefeito de Piquete, Otacílio Rodrigues. O advogado Paulo Guilherme representa um grupo que tem propriedades no local e diz que a criação do parque provocaria demissões. "A criação desse parque vai trazer um caos social total. Nós temos aqui mais de 40 famílias envolvidas nessa situação. Aí vem o fator desemprego: esse pessoal todo vai ser desempregado. A gente não tem onde recolocá-los", diz. Não há um levantamento de quantas pessoas moram em toda a extensão do que será o Parque Nacional da Serra da Mantiqueira. Só em um bairro da zona rural de Guaratinguetá, no Gomeral, são mais de 500 moradores. "Nós estamos com inúmeras famílias com a possibilidade de serem tiradas da terra que eles protegem. Eles já cuidam da terra no sentido de preservar a mata, preservar a nascente dos rios", diz Antonio Carlos Ribeiro, da associação de moradores do bairro. A aposentada Ana Maria Bernardino mora aqui há 56 anos, numa casa que, há quatro gerações, pertence à família. "Isso aqui é da gente e a gente cuida com muito amor. Eu não sei o que eu vou fazer na cidade. O que eu vou fazer lá? Eu vou morar aonde? Então daqui eu não quero sair", diz. Segundo o Instituto Chico Mendes, que é responsável pelo projeto, o desenho do parque ainda será discutido com as prefeituras. O traçado definitivo deve ser definido em abril. Além disso, as pessoas só precisarão deixar o local após receberem a indenização do governo.

2 comentários:

  1. O Brasil já tem muitos parques nacionais, estaduais, municipais, APAs, reservas indígenas, a Amazônia, e não é capaz de cuidar sequer das rodovias. Será que precisamos de mais um parque ou é por causa do ano de eleição ????

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  2. Mais uma grande obra do governo federal que ficará, dentro de pouquíssimo tempo, abandonada. Muito melhor será deixar que a comunidade de cada município cuide de sua preservação e conservação, coisa que já vem acontecendo e que parece que as autoridades não tem, ou não querem, ter conhecimento e informação. Que coisa estúpida e sem nexo esses projetos do governo federal que não têm embasamento e muito menos planejamento.

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